sexta-feira, 5 de março de 2010

Vou dizer o que eu estou pensando...

Dia desses, ao zapear, assisti à campanha publicitária do Fiat Doblò. Para quem não conhece a propaganda, segue abaixo o vídeo do You Tube:




Claro, o objetivo da Fiat é mostrar as vantagens daquele carro. No entanto, achei muito infeliz e exagerado o modo como isso foi demonstrado. Parece que não bastam os estereótipos que permeiam todos os cantos deste planeta. Não, sempre é necessário reforçá-los mais um pouco. Ali, vimos o motorista, acatando todas as decisões da mulher dele, uma chata de galocha. No final, o homem dá o seu grito de independência, dizendo a ela o que ele estava pensando e tacitamente dando um tchauzinho para a esposa, pois, no lugar da dita cuja, aparecem meninas e rapazes animados no belo e espaçoso Doblò...

Por mais que tenha sido um simples comercial de 46 segundos, acho muito ruim a valorização de caricaturas. Sei que a Fiat optou por fazer a divulgação do carro através do humor, mas é brincando que se dizem certas verdades. Indo mais a fundo, tem-se a impressão de que a mulher que aparece ali representa o que todas as outras são: pessoas consumistas, dominadoras, insatisfeitas e que não sabem se divertir. E mais: por que é o homem quem está dirigindo? Temos ali outro estereótipo: o de que é o macho quem guia sua fêmea sem senso de direção (e sem noção). E, ainda por cima, ele é o coitadinho que deve se submeter às vontades femininas e que, em certo ponto, não consegue mais ser paciente e dá um basta na situação, libertando-se de suas penosas atribuições matrimoniais. Pode ser que eu esteja sendo séria demais na análise de algo tão banal, mas foi isso que senti na breve duração dessa propaganda.




Não significa que aquela situação – uma esposa dominadora e um marido submisso – não ocorra na vida real, mas aquele modelo não é, nem de longe, o único. Existe uma grande diversidade de papéis desempenhados nesse sentido, e focar em apenas um deles, logo um que parece tão ultrapassado, é, a meu ver, muito nocivo para o desenvolvimento da nossa sociedade, já tão cheia de preconceitos contra a mulher. É lógico que a situação feminina atual é muito mais favorável em comparação ao que as mulheres de épocas longínquas tinham que enfrentar. Isso não é novidade, mas acredito que ainda há resquícios daquele pensamento de que a somente a mulher – nesse caso, a esposa – é uma pessoa maçante e ranzinza, sendo a fonte de todos os problemas.

Agora, vou dizer o que eu estou pensando: por que a Fiat não fez o contrário? Eles bem que podiam ter colocado uma mulher dirigindo com um marido super chato ao lado dela. Afinal, ser desagradável não é algo exclusivo das mulheres, certo? Seria um comercial bem inovador, sem dúvida.

Um comentário:

  1. é.. eu tive esse mesmo pensamento quando vi a propaganda.. só não fiquei mto tempo refletindo... mas ficou nítido o idealismo ultraapassado do que é um casal hoje em dia.. rs enfim...
    to te seguindo.. achei interessante seus posts.. ^^
    bjinhos

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