segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ah, a irritação...


Sem sombra de dúvidas, há momentos em que é praticamente impossível não se irritar. Até os indivíduos mais pacatos, vez ou outra, rendem-se a esse sentimento perturbador. O programa “Irritando Fernanda Young”, do GNT, tem um quadro em que é feita uma votação com os internautas acerca de um determinado evento (uma blitz que tranca todo o trânsito, por exemplo). A partir daí, as pessoas dizem se aquilo as irrita “paca”, “pouco” ou “picas”. Todas as vezes em que eu assisti a essa parte (e já devem ter sido, pelo menos, umas cinco ou seis vezes), sempre o “paca” foi o vencedor disparado.


"Tá bom, mas não se irrite!"

Isso é, no mínimo, curioso: estariam as pessoas sendo apenas engraçadinhas na enquete ou elas realmente ficam no limite da irritação em qualquer tipo de encrenca do cotidiano? Caso a resposta seja a segunda opção, algo de errado está acontecendo por aí. Afinal, por que a irritação no grau máximo está se disseminando? Será que o mundo moderno é o culpado? Pode ser. Talvez as facilidades e a rapidez proporcionadas em tudo hoje em dia tenham nos tornado mais intolerantes e impacientes. Então, basta algo sair fora dos trilhos para que tudo desande.

Bem, situações que podem levar à loucura qualquer um de nós é o que não faltam. Mesmo assim, criei um rol com os sete eventos do dia a dia que, segundo a minha percepção, são os mais irritantes:

    1. Coisas que estragam
    Pensem no que quiserem: carro, computador, televisão, micro-ondas, elevador (citei tudo isso porque já vivi situações nada agradáveis envolvendo os ditos cujos)... E, é claro, resolvem estragar quando mais precisamos deles. É a Lei de Murphy dando o ar da graça (ou, se preferirem, Lady Murpy, a versão feminina)...
      
    2. Coisas perdidas (ou que não conseguimos encontrar)
    No meu caso, aplicam-se a essa categoria, basicamente, roupas e objetos de estudo (livros, cadernos, folhas, estojo...). Por isso, qualquer mudança de lugar desses itens deve ser feita de modo extremamente cuidadoso; caso contrário, na pressa, corro o risco de não encontrá-los. Puxa vida, é angustiante verificar que tudo está no seu devido lugar, exceto aquilo que estamos procurando e de que precisamos muito. Dói...    
    "Tem um minutinho?"
    3. Interrupções
    Você está desenvolvendo uma linha de raciocínio, aí, o seu telefone toca ou chega alguém e interrompe a conversa. Você está assistindo a um baita filme e, de repente, falta luz. A companhia elétrica avisa que todo o bairro (e apenas o seu) está comprometido, sendo que a previsão de retorno da luz é somente daqui a algumas horas...          
    4. Telemarketing
    Um clássico. Poxa, se estamos interessados em algum tipo de serviço, nós mesmos contatamos a empresa, certo? De onde saiu a ideia de que receber uma oferta não solicitada por telefone vai despertar magicamente o nosso interesse? Na verdade, o efeito é o contrário...          
         5. Engolir sapos
    Relevar, relevar, relevar: às vezes, é fundamental. Porém, quando se age sempre assim, chega uma hora em que o copo transborda...
    6. “Houston, temos um problema...”
    Existe algo mais irritante do que as coisas não saírem conforme o planejado? Quando o resultado é para melhor, ótimo. Mas quando é para pior... Exemplos: você está planejando ir a uma grande festa, mas adoece. Quer viajar para a praia, mas cai A tempestade no final de semana. Inteirinho. Pensa que está abafando com alguém, mas recebe um fora fenomenal e por aí vai...
    7. Trânsito
    Dispensa comentários, ainda mais nas grandes cidades...









Todas essas situações, especialmente quando somadas, são tiro e queda para despertar a irritação. Por já ter trabalhado com atendimento ao público, notei que o comportamento humano, nessa esfera, funciona mais ou menos assim: quando as pessoas estão sob um estresse violento, elas se dão ao direito de extravasar toda a raiva acumulada, não importa onde estejam e com quem estejam lidando naquela hora.

Infelizmente, reconheço que já agi assim – e, em geral, direcionando a fúria aos mais chegados – e não me orgulho nem um pouquinho disso. No entanto, essas situações-limite foram particularmente válidas para que eu começasse a me questionar sobre o porquê de ter agido daquela forma e sobre o que eu poderia fazer para evitar que a irritação ficasse acumulada, sem uma válvula de escape. E foi assim que comecei a dar mais atenção a tudo aquilo que é realmente significativo para mim, como cantar, dançar, tocar violão, sair com os amigos e rir mais. Ah, e minimizar situações estressantes também foi de grande ajuda (se bem que não temos controle de muita coisa nessa vida, mas, enfim... Não custa nada tentar).

Rodar a baiana é muito constrangedor; porém, passar por esse tipo de vexame talvez possa ser útil como uma maneira de se conhecer melhor, de modo a identificar quais são as circunstâncias que desengatilham a irritação. Com o tempo, vai ficando mais fácil colocar em prática métodos para controlar aquela onda que vai subindo, subindo, subindo e deixando os nossos rostos fervendo, fervendo, fervendo...
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...